quinta-feira, 30 de abril de 2009

Memórias de um intercambista

Foto: Luis Alberto dos Santos Filho
O plano inicial do redator, Luis Alberto dos Santos Filho, 35 anos, era ficar um ano em Londres, na Inglaterra. Passados cinco anos, ele está de volta a São Paulo para uma visita aos pais que moram aqui. Mas é apenas uma visita mesmo, porque ele, sua esposa - que é sueca - e sua filha recém-nascida voltarão em alguns dias para a Inglaterra. Os planos incluem ainda a mudança permanente do casal para Lund, na Suécia. Santos Filho tem história parecida com a de muitos intercambistas que começam sua viagem com algumas idéias, o desejo de aprender uma língua nova e conhecer culturas diferentes e acabam por reformular tudo, trocam um ano de estudos por uma vida inteiramente nova.

Luis Alberto dos Santos Filho, além de estudar, construiu uma família no exterior
Durante a entrevista, Santos Filho precisa fazer breves interrupções para dar atenção à família que se encanta com a pequena Lovisa, de seis meses de idade. Sentimento natural para um bebê e para quem visita a família do pai pela primeira vez, mas a garotinha não parece muito receptiva aos mimos, prefere dormir, motivo pelo qual Santos Filhos precisa dividir as atenções entre as perguntas e o zelo pela pequena. Ele conta que a mudança começou em 2004, quando a empresa em que trabalhava faliu. Com o projeto na cabeça, o dinheiro da demissão na mão e um passaporte italiano no bolso, benefício de sua ascendência, Santos Filho refletiu que era chegado o momento de realizar o sonho. "Ou eu ia naquela hora ou não ia nunca mais, então decidi ir", resume ele.

No início, Santos Filho não foi muito diferente da maioria dos intercambistas. Mas ao invés de buscar ajuda especializada, preferiu garimpar as coisas sozinho. Pesquisou lugares para ficar e deixou uma breve estadia num albergue paga. Como tem o passaporte italiano, acabou poupado de uma série de etapas burocráticas e difíceis ligadas à obtenção do visto britânico. Isso também livrou o redator da necessidade de ter de pagar por um curso, providencia quase fundamental para quem pretende conseguir a autorização de entrada no país europeu. Ainda sim, ele admite que um dos principais objetivos era se aprimorar no idioma.

Ao chegar na cidade, usou os contatos que tinha com um amigo brasileiro e por meios dele construir diversas pontes que viabilizaram muitas coisas úteis para sua vida no estrangeiro, entre elas, um lugar melhor para morar e um emprego. "Fiquei duas semanas no albergue. Aí conheci uma brasileira que morava com um casal de ingleses. Ela estava com tudo pronto para voltar e me indicou para ficar no lugar dela. Nessa, arranjei um emprego, trabalhava para esse casal de ingleses. Vendia comida indiana em festivais de música", conta Santos Filho.

O rapaz conta que essa atividade, além de resolver dois problemas, deu a ele a possibilidade de entrar em diversos festivais sem ter de pagar o ingresso e nem enfrentar as enormes filas de espera para conseguir uma entrada. Muitos desses festivais tinham bandas que Santos Filho realmente curtia, o que tornava o trabalho menos sacrificante. Durante esse período, ele teve parte do tempo livre e aproveitou para angariar novas oportunidades de trabalho e moradia.

Depois de um mês ele arranjou um emprego num pub e conseguiu, com o novo salário, alugar seu próprio quarto. "Fiquei um mês com esse casal, aí achei que já era suficiente. No começo é importante conhecer os brasileiros, porque eles ajudam bastante. Havia uma brasileiro que trabalhava nesse pub e me indicou", afirma o redator, sobre sua segunda indicação vinda de conterrâneos. Com alguma base consolidada, Santos Filho explicou que pôde investir na vida social, passou a sair mais e conhecer mais pessoas e interagir mais com os ingleses. "Esse contato te dá a chance de ver como as coisas funcionam", garante ele.

Quando se aproximava do prazo que Santos Filho havia estabelecido para voltar, ele avaliou sua situação. "Londres é um lugar muito legal, tem muita coisa legal, os museus são gratuitos, por exemplo. E essa é uma experiência que abre tantos horizontes, de tantas coisas. Viajar pela Europa é tão fácil que chega a ser ridículo. Paguei um centavo numa promoção por uma passagem para Berlim (Alemanha). Ganhava em moeda forte. Então decidi: 'vou ficar aqui'", lembra ele a respeito da avaliação que fez antes de tomar a decisão que mudaria a sua vida completamente. Com o tempo vieram experiências, namoradas, a esposa e a filha.

Fonte: Universia


Para mais informações sobre programas de intercâmbio, procure a Assessoria de Relações Internacionais

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial